Em Re-construção Constante

Não adianta parar, o caminho não termina porque você cansou. Ele termina quando você chega.







terça-feira, agosto 01, 2006

Um dia atrasada


A estrada era muito longa e eu sempre tinha impressão de estar um dia atrasada. Parecia que sempre faltava um passo. As paisagens desoladoras se sucediam a verdes pastagens, florestas frias e escuras, lugares aprazíveis e paisagens desoladoras novamente. Às vezes, eu tinha certeza que já havia passado por aquele lugar, tinha certeza que estava andando em círculos e me perguntava se não era melhor escolher o pouso que mais me agradasse e me estabelecer por lar.

É muito fácil sentir-se cansada e desanimar no caminho.
Encontrei algumas pessoas que se quedavam na estrada e ficavam a ver os passantes por anos a fio, congeladas, outras adentravam em tabernas escuras e lamentavam os anos gastos em viagens bebendo o vinho amargo do desânimo. Alguma pessoas escolhiam cidades alegres e festivas e se envolviam em um turbilhão de diversões ou se enfronhavam nas milhares de rotinas possíveis que uma cidade tem a oferecer, e assim, iam esquecendo pouco a pouco que deviam chegar a algum lugar que não aquele.

Eu não saia do caminho, não por que fosse mais forte que os outros, mas simplesmente por que meus pés se moviam, e por que percebia, tanto nas cidades quanto nos campos, nas tabernas ou nos santuários um lento apodrecer que advinha da falta de movimento.

Claro que por vezes eu me quedava exausta em alguma hospedaria de beira estrada. Nesses tempos, eu dormia por dias e dias seguidos e acordava arrependida e com as costas doendo, pois ficar deitada muito tempo faz muito mal. Perguntava-me como seria a parada final, e se havia uma parada final? Agora eu nem me pergunto mais, só sigo adiante até chegar ou me dissolver no vento.

Um comentário:

Madame Nada disse...

mas não são histórias de ninar.