Em Re-construção Constante

Não adianta parar, o caminho não termina porque você cansou. Ele termina quando você chega.







sexta-feira, março 20, 2015

ADEUS


AMOR MONSTRO




Eu nunca pensei que eu iria retornar
para ser consumida por você de novo
Acho que você está curado
Você tinha previsto isso
A loucura de um amor monstro como você




Cinza é bom
A luz é boa
Nós fomos para Hollywood


Você só consegue uma chance na cidade de lantejoulas


Eu guardei a parte

A parte mais doce
mexida para você




Tudo retorna
Nos trazendo de volta
Aqui é quando começamos


e onde terminamos


Eu nunca pensei que eu retornaria

para ser consumida por você de novo
Mas eu conheço uma lua de papel


A loucura de uma amor monstro como o seu


O asfalto cheira a chuva

O sol sai, está claro novamente
Eu te contei como eu sentia como a terra poderia mover
A loucura de um amor monstro como o seu




Tudo retorna
nos trazendo de volta
aqui é quando nós começamos


e onde terminamos


by Goldfrapp





E assim eu vou me embora, aos que permanecem resta a pergunta:
Alguém está desperto?

quinta-feira, janeiro 01, 2015

2015

Eles não me conhecem, não me veem realmente. E ainda assim eles podem me tocar. Que ironia.
Só sei que nesse mundo estou só. Definitivamente presa na minha mente. Ninguém escuta o que eu digo. E o que importa?

Tudo isso é trivial. Estar condenada é trivial. O que eu esperava?

Em pensar que tenho toda a responsabilidade.

Só me resta entrar em silêncio, cada vez mais e mais penetrar nessa falta de som. A comunicação por palavras é ilusória. Mostrar o quanto realmente estou distante, o quanto realmente estou fora do alcance. A máscara criada por palavras sonoras caindo, sendo apagadas.

Eles ainda me veem, mas não me escutam. Eu não respondo às suas perguntas. Quando eu respondia, eles não me ouviam, agora têm a certeza de que parti. Esse rosto é só uma interface vazia de uma mente que não se encontra mais aqui.

Um ser humano que morre.

Cada vez mais Kali, menos Andra.






terça-feira, novembro 04, 2014

PACTO


Só existe um pacto que vale à pena fazer, o pacto que se faz consigo mesmo. Ele é selado no seu coração, e você poderá até esquecer-se dele, mas não poderá desfazê-lo. Portanto comprometa-se agora a cumpri-lo. E saiba que o que você fez não foi uma promessa, mas um pacto.

CUMPRA-O.

sábado, outubro 04, 2014

ESPIRAL


De espiral em espiral, nós seguimos
Não fazemos história, mas magia
Construímos uma estrada com palavras e sonhos compartilhados
Nós, os loucos
Atormentados e perdidos
Sonâmbulos, nos esbarramos semi-conscientes nessa noite longa
Eu uso minha falta de memória como ponte para alcançar o infinito
E me lanço no voo solitário porque não tenho escolha
Pensamos que estamos de mão dadas, mas isso é ilusão
Estamos vagando no nosso próprio labirinto
Tentando fazer contato com espíritos afins
Naquele ponto onde tudo se toca e se mistura
É preciso ir mais fundo
É preciso se perder mais um pouco
É preciso sonhar memórias imaginadas e dar a luz ao caminho
Eu tomo uma respiração profunda
E mergulho no túnel
Sem saber se do outro lado há uma saída
Faz tempos que estou perdida para a realidade
Faz tempos que me tornei deslocada daqui
Faz tempos que finjo (não muito bem) que pertenço a este mundo
Mas na verdade, eu estou enlouquecendo

NO MEIO DO CAMINHO

"Não se perca." Sua voz ficava ecoando na minha cabeça enquanto eu seguia pelo caminho de pedras. "Não se perca pelo caminho" ele disse e até me deu um mapa e uma bússola. Que diferença fazia? Eu já havia me perdido há tempos, e seguir por um caminho programado não me faria encontrar o lugar.

Mas eu seguia pelo caminho programado por pura falta de motivação. Qual a diferença de virar à direita ou à esquerda? Eu já estava perdido mesmo seguindo em frente. No fundo eu sabia que o que me faria eu me encontrar, não era a mudança de caminho, mas algo mais. E eu não sabia o que era, pois se soubesse, não estaria perdida.

Mas a verdade é que me canso fácil. Tem dias que um mísero passo me deixa exausta.

sábado, agosto 30, 2014

Kali is dead. Viva Kali!



Kali desesperadamente humana está morta, vida longa a Kali Andra, versão ampliada e muito melhor (ou pior, a depender do seu ponto de vista).

terça-feira, agosto 19, 2014

Faces



Você passa algum tempo longe, e tenta imaginar por onde recomeçar, onde você deixou o fio que estava lhe conduzindo para fora do labirinto. É tão fácil se esquecer no labirinto. Você procura um sinal, você procura uma pista, e quando se dá conta, a ponta do fio esteve o tempo todo entre seus dedos. Então você achou o que procurava, mas isso não é nem o começo. É hora do trabalho duro recomeçar, e seus músculos estão fracos, atrofiados. Por que você dormiu por tanto tempo? Você não consegue parar de se culpar, de se lamentar por suas faltas. E lamentar adia o trabalho duro, e você lamenta um pouco mais. No fundo, quem quer começar a desmontar a torre de um castelo? Pior ainda se for um castelo de areia, erguido no ar.

Dedique essa canção a quem você ama, eu dedico a você. Eu dedico à minha face no espelho. Todas elas. Até as que eu arranquei ontem.




50 Fingers

Se você fosse um diamante, eu iria te desenterrar
E te usar para cortar
Essas faixas dos meu pés
Elas têm me apertado por semanas
Eu posso mover o meu dedinho se eu me concentrar
Em um dia ou dois eu poderei me mover mais
Em um dia ou dois eu poderei estar com um bloqueio de ar

Você joga como se ninguém estivesse olhando
Por favor acorde, por favor acorde
Existem três no apartamento ao lado
Por favor, levante-se, por favor levante-se

Seus pulmões estão ficando preguiçosos, querido
Eu irei espremer a água deles
Mas eu não posso levantar os seus quadris do chão
Você está por si mesmo agora

Você joga como se ninguém estivesse olhando
Por favor, acorde, por favor acorde
Existem três no apartamento ao lado
Você joga como se ninguém estivesse olhando
Por favor acorde, por favor acorde
Existem três no apartamento ao lado
Por favor, levante-se, por favor levante-se
Para cada polegada existem 50 dedos apontando de volta
Nem seus balões dourados nem sua face sincera irão levá-lo de volta

By Little Red Lungs

quinta-feira, julho 10, 2014

KALI FALA



Quem quiser escutar, escute. Quem não quiser escutar morra.
Ando sem paciência e sem razão. Venha por sua conta e risco. 
Eu não aceito vítimas. Se você é uma vítima, eu não vou deixar passar, afinal, as vítimas são para ser vitimadas, e não consoladas. 
Eu não ofereço consolo. 
Entre o seio bom e o seio ruim, eu ofereço sempre o pior.

Kali dança, Shiva dança, cabeças rolam.
Eu não tenho clemência, só amor, e o amor não é essa coisa rosa e romântica dos filmes e das coisas fofas.
O meu amor corta, o meu amor queima.
Sou bruta e brutal.

Com amor, para vocês,

Kali Andra, desesperadamente humana.

domingo, junho 29, 2014

ESQUIZO



A mente existe para ser dilacerada, esquartejada, revirada pedaço a pedaço, célula por célula e reduzida ao que ela é: uma ilusão, fumaça, vapor, vozes estrangeiras sussurrando e se fazendo passar pelo seu verdadeiro eu.

EU NÃO PROCURO UMA UNIDADE COM A MINHA MENTE

Eu procuro cavalgá-la como um cavalo louco que é. Eu procuro impedir que ela me cavalgue (o que ela tem feito por muito tempo). A sua voz se confunde com a minha e me distrai pelo caminho. Eu perdi a trilha, os pássaros da mente comeram o pão e eu entrei na casa de doces. Mas a sorte é que eu gosto de amargo e posso suportar uma certa dose de silêncio.

Meu plano é deixar o silêncio devorar minha mente, e um belo dia, ele tomará o seu lugar, revelando uma face desconhecida, mas que é mais minha e que sempre foi.


segunda-feira, junho 23, 2014

ENTRE MUNDOS

Eu não pertenço a esse mundo, esse mundo seu. Eu observo, às vezes com desdém, às vezes com inveja, a sua vida a correr, tudo dentro dos conformes, um pouco de alegria, um pouco de sofrimento. Pequenas misérias e deleites humanos que eu cobiço (ainda), porque, veja bem, eu caminho entre mundos e todo pária é um condenado a vagar. E talvez não seja nada disso, a sua vida seja como a minha, e aquela outra vida que enxergo é fruto da minha criação de quem vaga e precisa ainda de um sonho, como uma chupeta para aquietar o choro, mas que é mais como um pequeno espinho na pele que você não consegue tirar, mas também não consegue deixar quieto, e mexe e remexe até que saia sangue. E eu sonho com sua vida perfeita que eu criei, o sonho de um condenado, um semi-desperto, nem lá, nem cá.

Mas essa é a minha transição e eu vago, eu escolhi vagar e vagarei até que eu me encontre. Enquanto isso eu finjo que existo. Quem nunca? E eu sigo fingindo neste mundo de coisas fofas e adoráveis, recheado de misérias, até que um dia eu seguirei sem deixar vestígios. Nem meu nome restará, porque até ele é uma mentira, fruto da sua imaginação que me pensa agora.  

sexta-feira, junho 20, 2014

FÊNIX


Todo dia nascendo  morrendo. 
É a Fênix que renasce a mesma que queimou?
Quem serei eu quando eu mais não for?
O que importa?

sábado, junho 14, 2014

Atlântida Hoje

ou Porque Também Vamos Afundar


Quando Platão falou da Atlântida, ele se referia ao presente, ao futuro, não ao passado.
Estamos condenados à eterna repetição.

quarta-feira, junho 11, 2014

Preguiça

Eu queria andar por cima das suas pegadas. Seria mais fácil, você chegou lá, eu também ia chegar. Mas você chegou lá? E meus pés não couberam nas suas pegadas. Meus pés não couberam em pegadas alguma que encontrei. Droga.

Tantas pegadas indo por direções tão diversas. Tantas pegadas de criaturas tão diferentes. Sou só mais uma delas, tentando. Mas não chegaremos a nenhum lugar por enquanto. Quem chegou, voou.

segunda-feira, junho 02, 2014

INIMIGO MEU



Eu falarei devagar porque a jornada é longa, apesar do tempo ter se esgotado.

Temo que as provisões se acabaram antes mesmo de termos colocado os pés na estrada. Mas eu falarei devagar para que as palavras se entranhem na sua pele e fiquem gravadas no seu coração. E estas, meu companheiro de naufrágio, não são apenas palavras, são cicatrizes de guerra. A guerra silenciosa que travamos agora no caos do mundo e no barulho ensurdecedor dos tempos que tomaram as nossas almas.

Você pode escutar as batidas do seu coração lutando para que seu silêncio se sobreponha? É claro que não. Você pode perceber a pequena chama que clama por liberdade? É claro que não. As luzes que brilham lá fora são muitas e nos deixam cegos. É por isso que precisamos achar um lugar escuro e vazio para recobrarmos nossos sentidos. E essa guerra corre a sua revelia, mas há pouca chance de vitória se você não começar a perceber o que está acontecendo. "Ao meu redor?" é a sua pergunta. "Não." eu respondo.

Dentro. A guerra é dentro, subterrânea, revestida com sua própria pele e cabelos, ela tem a sua forma e seu nome. Você não pode fugir dela, porque você é a guerra. Seu corpo é o campo de batalha. E quando você abriu os olhos para enfrentar seu inimigo, ele não tinha a sua cara. Ele era você.

EU SOU O INIMIGO E ÚNICA COMPANHIA.

Como os gêmeos que lutam no ventre da mãe. Você luta com você mesmo o tempo todo. Se você perder, você perde. Se você vencer, você vence. Simples assim. Mas toda vitória envolve uma morte.


Mas antes da vitória ou da derrota final. Se é que "ou" é a conexão correta. Talvez "e" seja aqui melhor colocada. Um pensamento ronda a minha alma, da mesma forma que pensou Alice:

"Down, down, down. Would the fall never come to an end? I wonder how many miles I've fallen by this time?"



segunda-feira, maio 26, 2014

CAMINHANTE


O interessante é perceber, depois de todos esses anos, é que a sensação de não pertencimento, de estranhamento e desconforto é o que me fez sobreviver e nadar ao invés de submergir e ser engolida. Continuo nadando e não cheguei à margem, às vezes eu boio. Mas eu entendo e aceito a minha condição de dissidente. Caminhante desse mundo sem pertencer a ele.

quinta-feira, maio 01, 2014

Outros Mundos





quando será que tudo parou de fazer sentido?

essa é a noite mais longa em que eu já estive

eu não durmo

e ainda que insone

eu não acordo

quando será que o silêncio vem?

ele me procura mas eu não consigo calar as vozes.

as vozes não dizem nada, só murmuram, murmuram e murmuram.

todos esses dias são murmúrios vãos, e corredores vazios, e sombras de humanos a passar, passar, passar...

nada se ergue, nada de constrói e então eu me lembro que destruí meu nome, que eu escolhi meu lado

e foi lado nenhum

caminhante do meio

do fio da navalha

talvez contando demais com um equilíbrio que nunca veio

e é tão tarde

não tenho guias

eu não vejo

eu me garanto seguindo seu sussurro

na beira do abismo

me dizendo

pule

mas eu não pulo

observo sem olhos o cheio

enquanto cortejo o vazio