Se eu conseguisse atravessar as noites com um pouco mais de intento, se eu tivesse mais força por agora eu já teria rasgado todos os véus e estaria nua e clara, diante do portal sem volta. Mas eu já estou sem volta, perdida para sempre da antiga vida.
Quando foi que eu me perdi, quando foi que eu peguei esta estrada? Eu tento voltar minha memória no tempo e parece que isso nunca aconteceu, o caminho sempre foi este e todo o resto ilusão.
Eu nasci tão pouco equipada para o mundo prático, tão pouco adaptada que é um milagre que eu tenha chegado até aqui.
Eu sou do último signo, o mais perdido, o mais distraído, o mais desconectado. Tão desconectado que eu me pergunto se eu sou realmente humana.
Mas certas dores me lembram que sim. Eu ainda respiro, eu ainda deixo pegadas no chão. Eu ainda odeio a vida e ainda não me adaptei ao peso do corpo. Não foi isso que eu disse em transe? Quando me perguntaram qual era minha missão de vida eu simplesmente respondi: “Me adaptar ao peso da materia”.
Feliz desaniversário e uma boa morte para você também.
3 comentários:
Nossa que profundo.Eu penso o mesmo,é a primeira vez que vejo alguém com o mesmo pensamento.Eu me encontro atraz da mascara que minha vida se tornou.Nao sou mais a mesma e nao consigo sair dessa mascara,cheguei a um ponto que nao tem mais volta...
Achei muito profundo também. Amo esse tipo de poesia gótica, pois entra no fundo de nossas almas e faz com que nós vejamos que existem pessoas que passam pela mesma coisa que nós.
Seguindo voc!
jali kali eh vc???
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