Eu sinto o esfacelar de um novo dia, e ignoro o princípio de uma nova era. O mundo cai em pedaços e eu nunca resisto ao desejo de reconstruí-lo. Por isto estou presa aqui, no feitiço do tempo, neste grande dia da marmota.
Deixe o vento varrer para longe as cinzas dos mortos. Por que eu tenho escolhido sempre a promessa de um novo dia? Que é sempre o mesmo, que sou sempre eu? Por que eu caminho no deserto carregando esta bagagem inútil, estas memórias que me fazem esquecer das verdadeiras lembranças?
Eu sonho porque estou dormindo, e isto já diz tudo.
Ninguém está ou já esteve desperto por aqui.
Mas isto não me desculpa, isto não me alivia, porque não existe consolo. Desde quando eu aprendi a gostar das falsas calmarias? Está na natureza humana tentar se preservar, tentar manter um padrão e uma estabilidade - esta é a nossa maldição: nossa própria humanidade. O falso paraíso que disfarça o inferno, isto é mais maligno que a consciência da nossa própria danação.
O único caminho possível é uma nova batalha, e que esta seja final, e que eu pereça e dê lugar ao que vem depois.
Nenhum comentário:
Postar um comentário