"Existe algo oculto em nós: a nossa morte. Mas algo mais está escondido, aguardado-nos dentro de cada uma de nossas células: O esquecimento da morte. Nas nossas células, a nossa imortalidade repousa, esperando por nós. Costuma-se falar da luta da vida contra a morte, mas existe um perigo inverso. E precisamos lutar contra a possibilidade de não morrermos. Diante da menor hesitação na luta pela morte - uma luta pela divisão, pelo sexo, pela alteridade e portanto também pela morte -, os seres vivos se tornam repetidamente indivisíveis, indênticos uns aos outros - e imortais."
Jean Baudrillard
E eu terminei de ler a contra capa do livro com a certeza de que encontrava mais um eco, mais uma das vozes que repetiam algo que eu precisava ouvir. Não porque já não soubesse, mas porque é preciso martelar e martelar até que "isso" consiga penetrar de fato. Também porque o sono é como um mel cristalizado, solidificado pelo frio. Algo que precisa se posto em banho-maria, até que completamente dissolvido, e mesmo que não evaporado pelo calor, possa se tornar translúcido o suficiente para que nos permita uma olhadela no outro lado.
A vida dos que pretendem acordar e lembrar é um constante martelar, é uma tortura chinesa de pingos d'água na cabeça, até que a milésima gota lhe atinja como uma faca.
Eu continuo por aqui, despejando as gotas d'água na minha própria testa e procurando por aqueles que fazem o mesmo.
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