Eu não pertenço a esse mundo, esse mundo seu. Eu observo, às vezes com desdém, às vezes com inveja, a sua vida a correr, tudo dentro dos conformes, um pouco de alegria, um pouco de sofrimento. Pequenas misérias e deleites humanos que eu cobiço (ainda), porque, veja bem, eu caminho entre mundos e todo pária é um condenado a vagar. E talvez não seja nada disso, a sua vida seja como a minha, e aquela outra vida que enxergo é fruto da minha criação de quem vaga e precisa ainda de um sonho, como uma chupeta para aquietar o choro, mas que é mais como um pequeno espinho na pele que você não consegue tirar, mas também não consegue deixar quieto, e mexe e remexe até que saia sangue. E eu sonho com sua vida perfeita que eu criei, o sonho de um condenado, um semi-desperto, nem lá, nem cá.
Mas essa é a minha transição e eu vago, eu escolhi vagar e vagarei até que eu me encontre. Enquanto isso eu finjo que existo. Quem nunca? E eu sigo fingindo neste mundo de coisas fofas e adoráveis, recheado de misérias, até que um dia eu seguirei sem deixar vestígios. Nem meu nome restará, porque até ele é uma mentira, fruto da sua imaginação que me pensa agora.
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