Em Re-construção Constante

Não adianta parar, o caminho não termina porque você cansou. Ele termina quando você chega.







segunda-feira, junho 02, 2014

INIMIGO MEU



Eu falarei devagar porque a jornada é longa, apesar do tempo ter se esgotado.

Temo que as provisões se acabaram antes mesmo de termos colocado os pés na estrada. Mas eu falarei devagar para que as palavras se entranhem na sua pele e fiquem gravadas no seu coração. E estas, meu companheiro de naufrágio, não são apenas palavras, são cicatrizes de guerra. A guerra silenciosa que travamos agora no caos do mundo e no barulho ensurdecedor dos tempos que tomaram as nossas almas.

Você pode escutar as batidas do seu coração lutando para que seu silêncio se sobreponha? É claro que não. Você pode perceber a pequena chama que clama por liberdade? É claro que não. As luzes que brilham lá fora são muitas e nos deixam cegos. É por isso que precisamos achar um lugar escuro e vazio para recobrarmos nossos sentidos. E essa guerra corre a sua revelia, mas há pouca chance de vitória se você não começar a perceber o que está acontecendo. "Ao meu redor?" é a sua pergunta. "Não." eu respondo.

Dentro. A guerra é dentro, subterrânea, revestida com sua própria pele e cabelos, ela tem a sua forma e seu nome. Você não pode fugir dela, porque você é a guerra. Seu corpo é o campo de batalha. E quando você abriu os olhos para enfrentar seu inimigo, ele não tinha a sua cara. Ele era você.

EU SOU O INIMIGO E ÚNICA COMPANHIA.

Como os gêmeos que lutam no ventre da mãe. Você luta com você mesmo o tempo todo. Se você perder, você perde. Se você vencer, você vence. Simples assim. Mas toda vitória envolve uma morte.


Mas antes da vitória ou da derrota final. Se é que "ou" é a conexão correta. Talvez "e" seja aqui melhor colocada. Um pensamento ronda a minha alma, da mesma forma que pensou Alice:

"Down, down, down. Would the fall never come to an end? I wonder how many miles I've fallen by this time?"



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