Em Re-construção Constante

Não adianta parar, o caminho não termina porque você cansou. Ele termina quando você chega.







quinta-feira, julho 10, 2008

QUANDO EU VEJO UM TIGRE...OU O QUE TORNA A VIDA VIÁVEL NOS CONDENA À MORTE EM VIDA.



Quando eu vejo um tigre, eu não preciso esperar ele me atacar para saber que devo fugir. Isso eu devo à memoria e ao aprendizado vicariante – aprender observando: eu vi o tigre matar Mariazinha, logo ele pode me matar também!- e a capacidade de generalização – um tigre pode me matar, então todos os tigres também podem!  

 

Ninguém vai negar a importância disso para garantir a nossa sobrevivência, mas sabemos que a generalização também tem o seu papel na geração de preconceitos e terríveis erros de julgamento que podem nos levar a situações de risco.

 

Da mesma forma o condicionamento é muito útil para que possamos conduzir tarefas do dia-a-dia, como dirigir por exemplo, imagine dirigir sem estar condicionado? Todo o dia, a mesma sensação de se estar fazendo isso pela primeira vez. Não, eu não acho isso muito agradável. Mas assim como o condicionamento torna a crescente complexidade de nossas tarefas possível, ao mesmo tempo nos afunda num profundo sonambulismo mecanicista.

 

Enfim, no mundo dual dependemos das ferramentas para sermos funcionais, mas logo somos subjugados por elas. Ficamos tão encatados de poder dirigir e conversar ao mesmo tempo, que logos caímos numa inconsciência e automatismos tão profundos que sequer lembramos direito do caminho que fizemos para chegar em casa. E assim transcorre toda nossa vida, onde nossos corpos se movem dissociados de nossas mentes, onde nossas mentes se movem dissociadas da nossa vontade. E um dia, você se da conta, no meio de uma discussão, que você não sabe por que disse ou fez aquilo. Quem disse ou fez aquilo? É como se algo estivesse atuando sobre você, algo externo – foi o diabo, foi o obcessor, foi a sociedade, foi você que me pressionou.  Mas não, é você que  está devidamente programado, e é tao conveniente seguir assim.

 

Engraçado que como terapeuta e possivelmente futura psicanalista, eu vejo todas essas ferramentes como primárias na desconstrução dessa armadilha que instalamos dentro do nosso espírito. Na verdade, essas ferramentas podem criar novas matrizes de condicionamentos  e manter o sujeito tão prisioneiro quanto antes.

 

E então? A busca da consciência através da espreita de si mesmo tem me parecido a melhor arma a apontar para a minha cabeça, mas eu tenho tanta preguiça de apertar o gatilho...        

 

Continua...

14 comentários:

Anônimo disse...

não acho que seja preguiça !

Anônimo disse...

bom Kali...muito bom....

B disse...

O Nirvana é o que vem depois do "tiro"...mas...se desejo atirar, se desejo o Nirvana, me apego ao Samsara... se afasta o Nirvana!

Se não atiro, aqui fico, no "limbo samsárico", observando a mão que empunha a arma, a dor do "dono da mão", que se percebe preso aos condicionamentos.

A dor de muitos donos, de muitas mãos...

O labirinto...a imagem mitológica que evoca a dúvida.A ausência de luz e rumo...

A saída?

Observar o tigre, fugir dele?

Desesperadamente humano...

Madame Nada disse...

Quando eu vejo um tigre...eu nao faço nada, agora, se o tigre me ve...

B disse...

Um tigre, dois tigres, trestrgisets...rsss

Anônimo disse...

Ora bolas...um dos primeiros requisitos para se entrar no clã ninja-animal é destravar a língua!

B disse...

Assim será feito, Guru-Ninja...manhã mesmo arranjo uma fonoaudilóga!!!

Me despeço humildemente...

Jabuti Ninja (aquele que mora em si mesmo!)

Raskom disse...

Palhaço!

Ainda não tenho certeza sobre a aceitação de um jabuti! São lentos demais e muito dóceis também!
Além disso (quém-quém) se escondem dentro do casco a qualquer sinal de perigo!

Você deixará nós quebrarmos o seu casco Jabuti?

Madame Nada disse...

Sim, sim! Quebrar o casco do jaboti! Derrubar todas as couraças.

Pato, meu peito esta aberto! Agora eu sei o que esta acontecendo!

Eu estou nua, aqui. Nua e mortal.
Como Kali.

O tigre nao me ve, porque estou invisivel.
Pode-se pisar ate no rabo do tigre.
E nao precisamos desviar das balas.

Enfim, pode durar pouco, pode retroceder um pouco, mas estamos avançando, avançando, mesmo que dois passos pra frente e um pra tras, mas continuamos e vamos .

Anônimo disse...

Kali! Nua e mortal! Uau!

Sem roupas, sem identidade, contra o vento, sem rastros! Invisível!

Mas lembre-se que, de qualquer jeito, tigres não costumam confiar na visão. Você até pode pisar na cauda dele, desde que não deixe rastros!

Digo o que tanto me dizem: vc Kali, é este momento!

B disse...

Deixo a armadura de lado,
E docemente ofereço,
Meu pescoço, de bom grado,
Justo e certo está o preço!

E o tigre que agora encaro,
que farejou Kali e o Pato,
Abraço com lentidão, doce, ainda jab"o"ti...
Pois se a dor da presa afiada, puder tocar só a mim...
já vale a vida ofertada,
Sou o meu momento, vivi!

Anônimo disse...

Argh! Grrrr!

Não é questão de se oferecer! É questão de receber!

Anônimo disse...

b de babaca

Anônimo disse...

Veja B!

Uma ação só se justifica através de outra ação!